INTERTEXTUALIDADE E
INTERDISCURSIVIDADE
Para tratarmos do conceito de intertextualidade nos apegamos as concepções de Bazerman (2021) e Koch (2008). Dessa forma, conforme esclarece Bazerman (2021) a intertextualidade é uma relação em que os textos se apoiam em outros textos, pois quase todas as palavras e frases que usamos já havíamos ouvido ou visto antes. Nossa originalidade e nossa habilidade como escritores advêm das novas maneiras como juntamos essas palavras para se adequarem às situações específicas, às nossas necessidades e aos nossos propósitos específicos, mas sempre dependemos do repertório linguístico comum que compartilhamos uns com os outros.
Assim, Bezerman (2021) nos explica que nós criamos os nossos textos a partir do oceano de textos anteriores que estão à nossa volta e do oceano de linguagem em que vivemos. E compreendemos os textos dos outros dentro desse mesmo oceano. Enquanto escritores, às vezes, queremos salientar o lugar onde obtemos tais palavras e, outras vezes, não. Enquanto leitores, às vezes, reconhecemos de forma consciente de onde vêm não só as palavras, mas também os modos como elas estão sendo usadas; outras vezes, a origem apenas sugere uma influência inconsciente. E algumas vezes as palavras estão tão misturadas e dispersas dentro desse oceano que não podem mais ser associadas a nenhum tempo, espaço, grupo ou escritor específico. Apesar disso, o oceano de palavras está sempre à volta de todos os textos. A relação que cada texto estabelece com os outros textos à sua volta é chamada de intertextualidade. A análise intertextual investiga não somente a relação de um enunciado com aquele oceano de palavras, mas também o modo como tal enunciado usa essas palavras e ainda a maneira como ele se posiciona em relação às outras palavras.
Quanto
aos tipos de intertexualidade Koch (2008) expõe que a intertextualidade stricto
sensu, atualmente chamada apenas de “intertextualidade” ocorre quando em um
texto está inserido outro texto (intertexto) anteriormente produzido que faz
parte da memória social de uma coletividade ou da memória discursiva (domínio
estendido da referência) de outros interlocutores. Logo, a referida autora nos
apresenta a intertextualidade temática que é encontrada por exemplo, em textos
científicos pertencentes a uma mesma área ou saber ou uma mesma corrente de
pensamento que partilham temas e só servem de conceitos e terminologias
próprios, já definidos no interior dessa área ou corrente teórica.
Posteriormente, nos deparamos com mais um tipo de intertextualidade sendo ela denominada:
“intertextualidade explícita” quando no próprio texto faz menção a fonte do
intertexto, isto é, quando um outro texto ou fragmento. Ao contrário da
intertextualidade explicita temos a “intertextualidade implícita” que nada mais
é que: algo que se introduz dentro do texto alheio, sem qualquer menção
explícita da fonte com o objetivo quer de
seguir-lhe a orientação argumentativa quer contradita-lo,
colocá-lo em questão, de ridiculariza-lo ou argumentar em sentido contrário.
Para compreendermos o que significa o interdiscurso,
utilizamos da Análise do Discurso, iniciada pelo filósofo Michel Pêcheux e
desenvolvida, na França, por autores como Maingueneau e Charaudeau, a ADF adota
o interdiscurso como unidade de análise. Considera-se, nessa perspectiva
teórica, o postulado de que os discursos sempre se originam de outros
discursos. Ressalta-se que texto e discurso, nessa perspectiva teórica, são
objetos distintos, sendo que o mesmo discurso pode ser materializado por textos
diversos. Entende-se o discurso como algo abstrato, uma organização localizada
além do nível linguístico e regida por regras, sendo que os textos se
manifestam como meios para a circulação dos mais variados discursos. Por
decorrência dos vários sentidos atribuídos ao termo “discurso”, é preciso
esclarecer que, na perspectiva da Análise do Discurso francesa, o discurso se
define como “uma dispersão de textos, cujo modo de inscrição histórica permite
definir como um espaço de regularidades enunciativa.
DA SILVA CARDOSO, Fernando. GÊNERO, AGÊNCIA E ESCRITA. CONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO, p. 78, 2021.
Aqui é Giselda. Parabéns! mas depois vou fazer uma melhor leitura
ResponderExcluirparabens muto bom
ResponderExcluirParabéns, adorei ler o seu texto, Aline.
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